Oct 20, 2012

NOSSA SOMBRA

Hoje pela manhã na casa de apoio, reconheci que tirei uma foto da minha própria sombra. Não sei muito sobre o assunto, e também não dou crédito a tudo que digam, mais o importante é reconhecer que temos uma sombra maior que cuida de nós. Deus é a nossa sombra, nela estamos protegidos e amparados.


Reconhecer a Nossa Sombra

sombraPara chegar a ser pessoas íntegras, necessitamos de incorporar, na nossa realidade consciente, a parte escura da nossa personalidade, da nossa família, do nosso grupo. É algo tão nosso como a parte luminosa, atractiva que nos preocupamos em mostrar aos outros.
A nossa sombra é como uma segunda personalidade que habita em nós; é uma parte primitiva, instintiva e temida por nós, seja pela sua intensidade, seja porque a julgamos inadequada.
A nossa sombra está constituída por tudo aquilo que não queremos ser ou que gostaríamos de fazer, mas não nos atrevemos a declará-lo. É por isso que o controlamos e o rejeitamos - para que os outros não reparem que o temos.
É mais daninho para nós e para os outros negar e reprimir a nossa sombra do que reconhecê-la e aceitá-la. Os que negam, de maneira sistemática, esta parte deles, normalmente vêem-na reflectida nos outros e desmascaram-na e culpam-na ao vê-la instalada nos outros (mecanismos de projecção).
Quanto mais negamos a nossa sombra, mais esta se torna forte e activa. Há uma lei psíquica que, quando nos esforçamos por fazer surgir uma qualidade na nossa relação com o mundo externo, o que se lhe opõe toma corpo no mais fundo do nosso mundo interior.
Necessitamos, certamente, de combater o mal que existe em cada um de nós, mas, tão importante como lutar contra ele, é aprender que ele está presente, à espera do seu momento. Preocupar-nos por crescer em algumas virtudes não nos livra do mal que habita em nós.
O tamanho e a intensidade da sombra variam, em cada pessoa, mas tem relação com o processo educativo que nos tocou viver. Quanto mais permissivo é o contexto familiar, escolar, social onde crescemos (quanto mais aberto, menos legalista, mais confiado), mais pequena é a sombra e é verdadeiro o que se lhe opõe.
Um dos maiores erros que podemos cometer é convencer-nos de que, à custa de esforços, poderemos balizar e libertar-nos destes impulsos e desejos escuros da nossa maneira de ser: não é possível livrar-nos deles; o que podemos é reconhecê-los e contar com eles.
Jesus Cristo é um dos grandes impulsores da tarefa de nos fazermos amigos da parte escura da nossa pessoa. Ele convida-nos a reconhecer que, em nós, opera o poder das trevas, o mau espírito como também saborear o poder da luz, o bom espírito.
Cada um pode fazer, ao longo do tempo, muito bem, mas o oposto é também verdade: somos capazes de fazer muito mal.

Romanos 7, 19-25

A divisão entre os homens estabelece-se, quando alguns de nós não estamos dispostos a aceitar que temos uma parte escura, constituída por preconceitos e medos, limites e contradições, feridas e rancores, ignorâncias e carências afectivas.
O nosso grande perigo é negar o mau e diferente que temos no nosso interior, a complexidade que somos, fruto de uma história de vida e das nossas raízes familiares.
Todos fizemos a experiência de ter sido amados e rejeitados, de ter conseguido êxitos e ter fracassos, que nalgumas ocasiões pudemos dar vida a outros e noutras nos negámos a dá-la. Somos um misto de luz e de trevas.
Nós, cristãos, estamos chamados a ser testemunhas de uma grande humanidade, mas, desgraçadamente, chegámos a ser especialistas em regras, no socialmente aceitável; entre nós só pode mencionar-se o recto, o santo, o verdadeiro. Deste modo, chegamos a não mencionar o erro pessoal, o escuro da vida, em cada um, na nossa realidade familiar e na nossa vida eclesial. Consideramo-lo como desarmonia, algo fora de lugar, que quebra a normativa, algo alheio à nossa experiência quotidiana e ao nosso desejo de ser perfeitos.
Na vida a dois, ou em qualquer relação interpessoal intensa, sai à luz, em curto tempo, o que somos, já que é difícil ocultar algo. No coração de cada um há desejos profundos de amizade, de colaboração, de generosidade e inocência, mas também encontramos medos, feridas, egoísmos, desejos de poder, um mundo de trevas que, se não chegamos a reconhecer e a aceitar, sem dar-nos conta, começam a dirigir a nossa acção.
Reconhecer e aceitar a nossa sombra é o primeiro passo para chegar ao conhecimento verdadeiro de si e a uma melhor orientação da nossa realidade interior.
Curso de Desenvolvimento Pessoal,
Universidade Alberto Hurtado,

Santiago d

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